Energia eólica: De alternativa a protagonista na matriz elétrica brasileira

Protagonismo, grandes investimentos e recordes. Se tivermos que resumir a participação da energia eólica em nosso país nos últimos anos, talvez essas palavras cumpram bem o objetivo.

Neste artigo, trazemos alguns dados sobre a importância da fonte na matriz, sobretudo na região nordeste do país, alguns dos principais investidores e as políticas de incentivo, que foram fundamentais para que a energia dos ventos chegasse até onde chegou. 

PROTAGONISMO E RECORDES

A energia eólica foi responsável por 12% da eletricidade produzida no nosso país em 2021. Para você ver o quão relevante ela é para a nossa sociedade, principalmente nas regiões Sul e Nordeste, no ano passado foram gerados 72,2 terawatts-hora (TWh), o suficiente para abastecer 36,6 milhões de residências – se considerarmos uma média de 2 a 3 pessoas por residência, estamos falando de 73 a 110 milhões de pessos.

Segunda maior tecnologia em capacidade instalada no Brasil, a fonte já tem 21,5 gigawatts (GW) em operação (2022), com projeção de chegar a 35 GW em 2026, equivalente a três usinas do tamanho da hidrelétrica de Belo Monte/PA (11,3 GW). Essa capacidade proporcionou à energia proveniente da força dos ventos atender mais de 90% da carga de toda a região nordeste em diversos momentos nos últimos anos.

CADEIA PRODUTIVA E INVESTIMENTOS

As maiores empresas responsáveis pelos investimentos em geração de energia eólica no Brasil são: CPFL Renováveis, Eletrobras, Enel Green Power, Omega Energia,  Cúbico, Renova, EDP Renováveis, Neoenergia, AES Brasil, Engie, Mercury Renew, Casa dos Ventos, Voltalia e Energisa.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Elétrica e Novas Tecnologias (ABEEólica), mais de US$ 42,3 bilhões foram investidos nessa indústria no nosso país de 2010 a 2021.

Mas tudo isso não aconteceu do dia para a noite. Foram anos de planejamento e investimentos bilionários para que hoje o Brasil tivesse fábricas de pás, hubs e torres com alturas que chegam a 130 metros. Tal estrutura na cadeia produtiva certamente contribuiu fortemente para a expansão da fonte em nosso país, além de também favorecer a geração de empregos e melhora nos índices de desenvolvimento nos municípios onde a indústria e os parques de geração estão instalados.

POLÍTICA E REGULAÇÃO DE INCENTIVO

No Brasil, a energia eólica foi impulsionada pelo Programa de Incentivo de Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), instituído pela Lei nº 10.438/2002. O Proinfa foi criado com o objetivo de diversificar a matriz elétrica brasileira e estabeleceu o conceito de energias alternativas eólica, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e biomassa. Inicialmente, foram contratados 1.283 megawatts (MW) em parques eólicos.

Em 2009, a fonte alternativa mostrou-se economicamente competitiva, provando sua viabilidade em leilões promovidos pelo Governo Federal. Em dezembro daquele ano, foi realizado o primeiro leilão de energia eólica. Foram contratados 71 empreendimentos com capacidade somada de 1.805,7 MW.

“Na ocasião, um dado já demonstrava nossa potencialidade, porque estavam habilitados 10 GW de projetos, em 339 empreendimentos”, destaca Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica, em artigo escrito em 2019 para o periódico Canal Energia, em comemoração aos 10 anos do leilão histórico.

E vem muito mais por aí! Dentre as novas tecnologias de geração de energia destaca-se a eólica off-shore (fora do continente). Muitos estudos estão em andamento e, ao que tudo indica, em breve essa alternativa encontrará sua viabilidade, podendo trazer, dentre outras vantagens, geração de energia em larga escala e perto dos grandes centros de carga. Aguardemos!

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