ESG & Energia: indissociáveis no Século XXI e para sempre

Empresas antenadas com seu tempo têm procurado guiar decisões, estratégias e comportamentos com base no “conceito ESG”. Simplificação semântica para um ecossistema holístico de padrões e práticas de gestão inspiradas em três dimensões: ambiental, social e governança (do inglês Environmental, Social and Governance). 

É consenso que ainda existe um caminho relativamente longo de adaptação por parte do mundo corporativo aos pilares ESG, em uma escala que os levem a serem predominantes. Há resistências em alguns segmentos. Só que, ao que tudo indica, a doutrina ESG tornou-se uma tendência de difícil reversão. As adesões se sobressaem no dia a dia, refletindo a vitória de um movimento civilizatório, que recebe forte apoio da mídia local e internacional.

O que vale entender é que para o mercado e a opinião pública, essa evolução, rumo a uma gestão de perfil mais humanista, tem como resultado um reconhecimento positivo. Em contrapartida, essa transformação, na prática, se traduz não só em maior valor agregado, como também, por tabela, em benefícios de imagem. Desde que, claro, os preceitos sejam aplicados de maneira íntegra e não apenas superficialmente. 

A má fé na adoção de princípios ESG caracteriza, aliás, puro “greenwashing”. Termo sarcástico e bastante pejorativo. Em sua origem simboliza a mera apropriação de virtudes ambientalistas, por parte de organizações ou pessoas, mediante o uso de técnicas de marketing e relações públicas. Atualmente, porém, ganhou um significado mais abrangente. É usado para indicar ações corporativas aparentemente positivas, mas de pouca ou nenhuma transparência.

Chamado que virou História

Faz todo sentido que a centelha para esse crescente movimento global, surgido em meados da primeira década do século XXI, tenha partido da mente de um líder carismático. Foi o secretário-Geral das Nações Unidos e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2001, o ganês Kofi Annan, falecido em 2018, quem lançou a semente histórica. 

Uma provocação apresentada por Annan a 50 CEOs da época serviu de inspiração a um documento do Banco Mundial, elaborado em parceria com o Pacto Global da ONU e instituições financeiras de nove países. 

Denominado “Who Cares Wins (Ganha Quem se Importa, em tradução livre), a publicação estabeleceu as bases do investimento sustentável. De lá para cá, segundo estimativa da consultoria PwC, até 2025, 57% dos ativos na Europa, por exemplo, vão constituir fundos orientados por preceitos ESG. 

No caso do Brasil, segundo dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu 15,8% o número de empresas que publicam regularmente seus relatórios de sustentabilidade. Já Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros de Capitais (Anbima) estima que em 2023 chegou a um R$ 1 bilhão o total recursos de fundos nacionais que guiam investimentos com base em padrões de sustentabilidade e governança.

Hora de incorporar

Nesse cenário, produção, transporte e consumo de energia, nas suas diferentes modalidades e devido à sua importância para a economia e sociedade, são praticamente predestinados a se enquadrarem automaticamente no contexto ESG. Até porque são hoje foco crítico de atenção global em tempos de mudanças climáticas, esforços para conservação do planeta e preservação da vida humana

Na ponta do fornecimento, hoje é praticamente inviável construir e operar usinas de geração de eletricidade – sejam térmicas, hidrelétricas, solares ou eólicas – sem que sejam atendidas leis rígidas de proteção e respeito a populações e ao meio ambiente. 

No passado, projetos que foram desenvolvidos sem respeitar cuidados apropriados mínimos, ainda hoje causam transtornos. São alvos de processos judiciais e acumulam grandes passivos, alguns deles irreparáveis. A mesma regra, resguardando-se as proporções e características próprias de cada segmento,  vale para empreendimentos de transmissão e gerenciamento de redes de distribuição.

Na ponta do uso final, enquanto isso, a eficiência energética é o alvo da vez. Fazer mais com menos já é realidade em muitas empresas de classe mundial, atentas à conservação de recursos naturais finitos. 

Um elevado consumo per capita de eletricidade era tido em passado recente como um indicador de modernidade e prosperidade de um país. Essa métrica já não reflete os fatos. Há nações que conseguem crescer sem que o consumo acompanhe necessariamente esse evolução, revelando aproveitamento energético mais competente. 

No “chão de fábrica”, por exemplo, nunca houve tanto interesse em gestão metódica do uso da energia. Com o surgimento de modernas tecnologias e plataformas digitais inteiramente dedicadas a monitorar processos em suas várias etapas, há uma busca incessante pelo equilíbrio entre custo e benefício. Do ponto de vista da mão de obra, também houve avanços de qualidade nas relações com superiores e nas condições de trabalho.

Este é o primeiro de uma série de quatro artigos em que vamos procurar levar aos leitores a um pequeno tour introdutório pelo que se pratica hoje em termos de ESG no universo das companhias de energia, abordando cada uma das suas dimensões, em particular.

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