A concorrência entre companhias geradoras de energia eólica é muito acirrada. Vence mais licitações e leva vantagem no mercado quem conseguir apresentar os preços mais competitivos, além do fornecimento regular e confiável. Daí a corrida acelerada para se obter o melhor desempenho dos equipamentos.
Com foco no conjunto aerogerador como um todo, já fizemos aqui no blog um rápido sobrevoo cobrindo a evolução geral da tecnologia. Vale agora conhecer um pouco mais sobre os avanços obtidos para otimizar a qualidade dos componentes principais.
Começando pelas pás e torres, tanto um quanto o outro tiveram suas dimensões cada vez mais aumentadas, basicamente para aproveitar ventos mais velozes e regulares. Isso levou à conquista de um melhor equilíbrio entre custo e benefício aos grandes projetos de parques eólicos, cuja vida precisa ser de, pelo menos, 20 anos.
Elegância e eficiência
As maiores pás atuais superam os 100 metros de comprimento, a depender da potência do aerogerador que pode chegar até 16 MW. São mais longas, portanto, que a envergadura de um Airbus A-380, maior avião de passageiros do mundo.
Os formatos alcançados são resultado de um trabalho multidisciplinar sofisticado e contínuo que envolve profissionais altamente qualificados, complexos estudos aerodinâmicos, combinação de materiais de última geração e um meticuloso processo de produção nas fábricas.
Além de design eficiente, resistência, flexibilidade e durabilidade são palavras chave para um produto que tem que performar bem, seja sob sol escaldante ou temperaturas congelantes, e ainda ser forte o suficiente para resistir a ferozes intempéries atmosféricas.
Mix e habilidade
Tanta tecnologia, no entanto, também conta com procedimentos artesanais. Há etapas importantes que dependem de intervenção humana direta, o que exige treinamento especializado e supervisão rigorosa. Não há, portanto, linhas mecanizadas e de alta velocidade como na indústria de produtos de consumo.

As pás, como produto final, são compostas, entre outros elementos, por camadas de poliéster, epóxi, fibra de vidro, fibra de carbono, PVC, Nylon e até madeira balsa. Bem resumidamente, todos esses materiais, reforçados por longarinas, são acondicionados em dois moldes (cascas) que vão dar formato final à cada peça.
As partes são unidas, tendo almas metálicas ao centro, formando uma espécie de “megasanduiche” que é submetido a um processo de cura, seguindo, depois, para as fases de lixamento e pintura. Na sequência, as pás ainda passam por um processo de balanceamento, para evitar vibração nas turbinas, problema que leva à redução da vida útil do mecanismo do aerogerador.
Suporte é tudo
Da fundação ao topo, as torres eólicas já superam os 130 metros de altura e também sofreram um significativo processo de desenvolvimento para aguentar toda a carga representada pelos equipamentos aerogeradores, cada vez mais pesados.

O conjunto básico, nacele mais as pás, soma pelo menos 300 toneladas, para se ter uma ideia. Lembrando ainda que, além da pressão vertical, a torre precisa ser forte o suficiente para resistir a esforços laterais porque o aerogerador não é fixo. Ele se movimenta acompanhando a direção dos ventos.
No mercado hoje estão disponíveis torres metálicas e de concreto, mas há também modelos híbridos. Cada um dos tipos apresenta vantagens e desvantagens. A escolha, ao final, vai depender das preferências do empreendedor e também de questões como local de construção, logística de transporte e, claro, recursos orçamentários.
Rapidez versus conveniência
O uso de torres de aço foi introduzido no Brasil por empresas estrangeiras e tornou-se padrão por um bom tempo. Divididas em seções, permitem montagens mais rápidas, porém são complicadas de transportar. Os diâmetros dos tubos ultrapassam 5 metros. Nem sempre há estradas ou acessos disponíveis para esse porte de carga rodoviária, já que os parques eólicos são, em geral, projetados para ficar em lugares bem afastados e não urbanizados.
Como solução para a questão do deslocamento surgiu a torre de concreto pré-moldado protendido que, na verdade, é composta por vários anéis – 10 a 20 unidades -, também conhecidos como aduelas. Elas são sobrepostas uma a uma o que, por outro lado, traz o risco de vulnerabilidade às juntas de conexão. O ponto forte dessa alternativa é que já é possível montar fábricas volantes perto dos canteiros de obras, o que agiliza bastante os serviços.
Mas, tanto as torres de aço como as de concreto precisam contar com fundações muito bem projetadas e construídas. Elas funcionam como âncoras e não podem apresentar falhas. Do contrário podem acabar causando acidentes de grandes proporções.
Essa evolução tecnológica vem permitindo um incremento considerável na geração de energia a partir da força dos ventos no Brasil e no mundo. Esperamos que tal evolução siga a passos largos, contribuindo para uma matriz energética global cada vez mais sustentável.
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