Risco de crédito: como evitar o descumprimento de contratos?

Qualquer atividade econômica está sujeita a riscos, no mercado de comercialização de energia não seria diferente. Contudo, essa possibilidade não precisa representar perdas para os agentes do mercado — uma gestão de riscos eficaz permite limitar a materialização dos impactos negativos.

Quando falamos de gestão de riscos, existem três classes principais que devem ser considerados: 

  • risco de mercado: gerado por uma posição de energia em aberto;
  • risco de liquidez: concebido pelo desencontro entre oferta e demanda;
  • risco de crédito: originado na falta de cumprimento dos termos de contrato.

Todas essas classes de riscos podem e devem ser gerenciadas — no entanto, enquanto às duas primeiras estão ligadas a condições de mercado que não podem ser controladas pelos agentes, mitigar o risco de crédito depende das ações tomadas pela empresa.

Pensando nisso, focaremos neste artigo no que pode ser feito para evitar o descumprimento dos prazos. Acompanhe!

Risco de crédito na comercialização de energia

O risco de crédito é a possibilidade de perda resultante pelo não cumprimento de obrigações contratuais por uma das partes envolvidas na comercialização de energia. Também pode ser associado ao não pagamento ou ao pagamento em atraso de faturas, débitos ou termos de renegociação.

Tradicionalmente, o risco de crédito resulta na interrupção do fluxo de caixa e aumento dos custos de cobrança. Embora seja impossível saber quem ficará inadimplente ou não cumprirá o contrato, avaliar e gerenciar de forma adequada essa possibilidade pode diminuir a gravidade de uma perda.

O risco de crédito pode ter diversas origens, que variam dependendo do perfil das contrapartes de um contrato, — umas das principais formas de mitigá-lo é exigir garantias bilaterais nos contratos firmados

No entanto, existem algumas outras práticas recomendadas para que traders não sejam afetados pelos erros das demais partes. Abaixo falaremos sobre elas, continue a leitura!

Efeitos negativos do risco de crédito

Os efeitos do risco de crédito dependem da gravidade da violação de contrato cometida, podendo ser resumidos em três grupos, veja quais são!

Exposição ao risco de mercado

O não cumprimento do contrato pode gerar sobra ou déficit de energia, deixando a comercializadora exposta a uma posição de energia em aberto (risco de mercado). Isso pode reduzir o valor da carteira de energia e impactar financeiramente a empresa.

Queda na liquidez

O risco de crédito pode reduzir a liquidez das empresas devido ao ajuste de expectativas e à perda de confiança dos agentes, com capacidade para impactar o fechamento de novas posições.

Falência

Em casos mais graves, o risco de crédito pode levar à falência, especialmente para empresas de pequeno porte. Dado que com prêmios de risco muito altos, essas organizações enfrentam maiores dificuldades para fechar novos contratos.

Boas práticas para gerenciamento do risco de crédito

Para evitar esses problemas, além da exigência de garantias bilaterais das contrapartes, é necessário tomar algumas medidas internas de modo a evitar que o risco aconteça e, caso não seja evitável, gerenciar as dificuldades decorrentes do incidente. Conheça, abaixo, quais são essas medidas!

Capacitação dos colaboradores

As pessoas são um dos pilares da gestão de riscos eficaz. É fundamental ter um time capacitado, que entenda as particularidades do mercado de energia e saiba realizar o cálculo, interpretação e parametrização dos riscos associados.

Para isso, uma prática a ser adotada é a criação de uma trilha de aprendizado. A trilha deve conduzir os profissionais pelos processos da gestão de risco de modo a lapidar sua atuação. Além disso, busque especialistas com as seguintes habilidades para compor sua equipe:

  • habilidades analíticas;
  • conhecimento estatístico;
  • capacidade de defender posicionamentos;
  • boa interlocução com diversas áreas da empresa;
  • sensibilidade para perceber mudanças no mercado;
  • domínio da relação de causa-e-efeito entre fatores de risco e resultado financeiro.

Administração precisa do fluxo de informações

Uma boa gestão do risco de crédito envolve o monitoramento e avaliação das informações do mercado. Essa avaliação é tão boa quanto a qualidade dos dados coletados pela empresa, portanto, administrar o fluxo de informações de maneira eficaz é essencial.

Nesse sentido, uma boa prática envolve a documentação das fontes de dados associadas aos fatores de risco. Isso envolve informações como:

  • perfil dos sócios;
  • balanço contábil;
  • parecer de auditoria.

É importante que os responsáveis pela análise do risco automatizem os processos de coleta e análise, e criem mecanismos de validação para evitar que métricas incorretas cheguem a outros níveis da empresa.

Criação de uma política de risco

Manter a transparência entre os departamentos é essencial para que toda a empresa siga a mesma política de risco. 

A política de risco é o documento que rege a operacionalização da gestão de risco. Em outras palavras, ela define a estrutura da gestão e seus elementos, criando um padrão claro a ser seguido por todos na organização, e não somente pelas pessoas envolvidas com os fatores de risco.

Essa política assegura a governança, além de resguardar gestores sobre decisões tomadas sob sua égide. Para isso, ela deve definir bem:

  • papéis e responsabilidades;
  • tipos de risco e os níveis de aceitabilidade para cada um deles;
  • estruturas de controle e os indicadores que permitirão monitorar a iminência de um problema.

Precisão nas tomadas de decisões

O estabelecimento de um sistema de risco permite que os processos sejam executados da maneira como definido na política. Isso possibilita que processos de gestão do risco de crédito sejam agilizados, como também reduz impactos de rotatividade de pessoal na empresa.

Além disso, o sistema de risco facilita a tomada de decisões precisas, visto que reúne em espaço único e central todos os dados necessários para que a gerência baseie suas deliberações em dados e decida sobre como lidar com possíveis incidentes.

Apoio da tecnologia na automatização de tarefas

Por último, as etapas acima não podem ser eficazes sem o apoio da tecnologia. A tecnologia certa permite capacitar profissionais rapidamente, além de aumentar a produtividade no controle, monitoramento e mitigação do risco de crédito.

Um software de gestão, por exemplo, atuará na precisão e confiabilidade dos dados coletados, reduzindo as chances de erro humano devido ao acesso a informações em questão de segundos. Essa ferramenta também facilita a comunicação entre departamentos, garantindo a transparência necessária.

Em suma, é impossível eliminar os riscos, especialmente em um mercado tão volátil quanto o de energia. No entanto, seguindo as dicas acima e optando pelo software de gestão certo, é possível reduzir ocorrências e mitigar impactos negativos, quando ocorrerem.

Para saber mais como a tecnologia pode ajudar sua empresa, aproveite e veja as 7 vantagens que um software de gestão pode trazer para a administração de energia.

Scroll to top